"É uma lojinha onde nunca entra um raio de sol."
Assim começa A loja dos suicídios, uma obra do autor francês Jean Teulé, que nos mostra que a vida muitas vezes é melhor do que imaginamos.

O livro conta-nos a história de uma família de um futuro negro, onde a esperança é apenas um mito, e a única solução aparente para o desgosto que percorre as ruas é o suicídio.

Mishima, Lucrécia, Marilyn, Vincent e Alan são os membros da família Tuvache, dona da pequena loja dos suicídios há já muitas gerações (que proporciona aos clientes todas as formas possíveis para o término da sua vida, e as mais recentes inovações no mercado suicida). Os pais, Mishima e lucrécia, são dois bons comerciantes cujo único propósito de viver se prende em dar continuidade ao negócio; Vincent e Marilyn, os dois filhos mais velhos, são exemplos perfeitos de depressão ao quadrado: Vincent carrega dentro de si demónios que o atormentam dia e noite - anoréctico, concentra toda a sua energia em projectos de empreendimentos que tenham como principal objectivo a morte de massas (parques temáticos, restaurantes, …); Marilyn, uma adolescente mórbida e gorda, completamente inadaptada, sonha com o dia da sua morte, desejando-a o mais prematura possível. No meio desta sombria família vive Alan, o benjamim do grupo (apenas onze anos), desgosto dos pais, sendo o único que foge à 'normalidade' dos Tuvache - é ele que ousa sorrir e ser optimista, brincar e fazer rir os clientes da loja.

Ao longo da narrativa o leitor vai sendo confrontado, ainda que em tom ligeiro, com questões como a inexorabilidade da vida, o existencialismo humano, a condição de felicidade e ainda temas que vão ocupando espaço nas reflexões do nosso mundo hodierno e quotidiano, como os estados de guerra a ocorrer em algumas regiões do globo e o tratamento ecológico que a humanidade vem a desenvolver ao longo dos últimos séculos (e que, de resto, se vai repercutir num futuro próximo).

Leitura ligeira, agradável e rápida que não é, de todo, do ponto de vista literário, ambiciosa (e muito menos presunçosa), e se deixa prevalecer por uma história honesta e feliz, indicada sempre que necessária uma lufada de boa-disposição.
É uma óptima comédia negra, bem ao jeito de Tim Burton, que nos faz rir mesmo nos momentos mais difíceis.



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