SUPER AWESOME. Se estiveram no espectáculo da orquestra barroca “Concerto Köln” (que tocam em instrumentos originais do século XVIII) no passado dia 25, na Quinta das Lágrimas em Coimbra, então sabem certamente do que estou a falar! Num ambiente natural absolutamente lindo e com todo aquele centenarismo arbóreo a rodear o anfiteatro ao ar livre, os Concerto Köln (CK) deram um dos melhores concertos a que já assisti em toda a minha (breve, é verdade; mas cheia de concertos) vida.
Começarei por partilhar com os meus caros leitores o maravilhoso programa da noite (sendo que o concerto começou, pontualissimamente, às 21 horas):
  1. Suite em Fá maior da Water Music de Händel;
  2. Concerto grosso em Mi menor de Dall’Abaco;
  3. Suite em Sol Maior da Water Music de Händel;
  4. Concerto para flauta de bisel e traversa em Mi menor de Telemann;
Devo dizer que ia bastante entusiasmado e com as expectativas bastante elevadas; o programa é-me familiar e as interpretações que os CK fazem dele também. Isto antes de me aperceber que o concerto seria ao ar livre; aí fiquei apreensivo com o problema que isso poderia representar para a acústica. Devo dizer desde já, que não foi nada grave, visto que havia equipamento de som no palco que fez o seu trabalho de uma forma muito positiva e natural (quase nem parecia que o som vinha das colunas).
Passando à interpretação em si: Os CK apresentaram-se de uma forma incrivelmente dinâmica e energética, com dinâmicas acentuadas mas sem nunca chegar ao histerismo ou ao exagero (COF Spinosi COF); as suites de Händel conseguiram não me “aborrecer” apesar de já as conhecer de trás para a frente; conseguiram surpreender-me. Especialmente ao acrescentar uma espécie de solo para cravo na suite em Fá, na Air. Foi inesperado e achei bastante refrescante! E, apesar de ser algo de novo, pode fazer algum sentido, tendo em conta que Händel era ele próprio um virtuoso do cravo e que, ao dirigir, o poderia bem ter feito. A brilhante direcção, a partir do violino, de Markus Hoffmann tornou-se clara nestas pequenas (mas importantes!) inovações, na escolha de dinâmicas e na opção por tempi dançantes, pelo que ousarei chamar as escolhas deste senhor de perfeitas. Saliente-se a afinação maravilhosa das trompas naturais (sem válvulas) que, apesar de ocasionalmente soltarem uma nota ao lado, foram maravilhosas. Não se esperaria aliás que as trompas soassem afinadas durante toda a suite, considerando a enorme dificuldade em tocar afinado num destes instrumentos do século XVIII.
Não tendo nada de particular a apontar ao concerto de Dall’Abaco (um compositor que, apesar de relativamente desconhecido, é maravilhoso), gostaria então de congratular de uma forma muito proeminente a FANTÁSTICA exibição de Martin Sandhoff e Cordula Breuer na flauta traversa e na de bisel (respectivamente) que, no concerto de Telemann, brilharam e encantaram o público com o seu virtuosismo e musicalidade. Na verdade, terá sido provavelmente a melhor versão que já ouvi deste concerto que, especialmente no Presto final, costuma ser tocado com algum frenetismo indesejado. No entanto, estes músicos foram capazes de dar ao público uma interpretação energética e profundamente profissional, que maravilhou todos aqueles que, pedindo um encore, se levantaram em ovação ao Concerto Köln, entre “bravo”s e assobios de regozijo. Pedidos de encore que foram satisfeitos, com a interpretação de uma qualquer sinfonia para cordas de um qualquer compositor de transição do barroco para o clássico que não foi anunciado pela orquestra. Realmente, o único defeito deste concerto foi a parca informação fornecida pelo programa elaborado pela organização do Festival das Artes. Fora isso: perfeito.
Deixo-vos, por fim, desfrutar dos Concerto Köln:
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