Letras provocantes e ambíguas, instrumental intenso mas contido, vocalista irreverente e enérgica. Que mais precisa uma banda indie?



Metric é uma das muitas bandas de cena musical canadiana que gravitam em volta do colectivo Broken Social Scene, do qual fazem parte a vocalista Emily Haines e o guitarrista James Shaw, ao lado de outros nomes sonantes como Leslie Feist e Jason Collett. Para quem não conhece o colectivo, vale a pena visitar a página Broken Social Scene.


O elemento mais marcante do som de Metric é o contraste entre, por um lado, o instrumental muito disciplinado, que evoca pela intensidade as raízes da actual música independente em bandas como The Pixies ou Sonic Youth, mas sem o ruído com que frequentemente estas afirmavam o seu estatuto alternativo, e, por outro, o ritmo errático com que Emily Haines debita as palavras da música, enchendo ou esvaziando os versos de sílabas para criar cadências imprevisíveis e hipnotizantes.


As próprias letras têm um tom de protesto social, que parece não poupar nem os próprios autores, mas com um toque mundano e casual que as impede de se tornarem moralistas, e dizem-nos que todos os soldados inimigos de dez anos às vezes acham que as bombas a cair são estrelas cadentes mas não lhes pedem desejos, ou interrogam-se se os advogados terão advogados? os senhorios terão senhorios?, ou ainda, numa das melhores metáforas que ouvi até hoje, convidam um amante a queimar os dedos de papel no cinzeiro.


Como sempre, ouvir uma banda é sempre melhor do que falar sobre ela. Para saber e ouvir mais, visitem Metric.

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